
Já fazia um tempo que sentia o chamado de colocar meus pés na terra e achar um cantinho perto da natureza. Bahia sempre foi meu refugio e já sabia que seria por aqui! No fundo, eu sempre sonhei em ter uma casa na Bahia.
Aqui, rola uma mágica que faz com que tudo dê certo e aconteça naturalmente. É aqui que o refrão de Andar com Fé do Gil faz todo o sentido e, pra mim, realmente faz todo o sentido andar com fé (principalmente com fé na beleza da vida).
Para isso, preciso de calma, de conexão, e então entro num flow. Tudo o que existe é o lugar certo na hora certa. Essa é a sensação que a Bahia me dá: de otimizar a vida! E é por isso que sempre volto.
Em 2018, no Espelho, um vilarejo encantado entre Trancoso e Caraíva, estava recebendo uma massagem e no alto do meu relaxamento soltei: “E a minha casinha aqui na Bahia, onde será que está? Tem alguma casa aí pra mim?”. Janete, a massagista querida, respondeu que tinha um lugar para me mostrar.
Era uma casinha de pescador, feita pelos primeiros moradores da região. Simples e perfeita! Em dois meses lá estava eu, chamando aquela casa de minha. Tudo foi construído com muito amor, aproveitando ao máximo as lembranças já existentes, e colocando a nossa essência em cada um dos detalhes projetados. Foram semanas intensas em que eu e Jota, meu marido, colocamos a mão na massa com a ajuda de profissionais locais.
O nosso pedacinho de terra no paraíso saiu do rascunho mais rápido do que imaginávamos! E agora temos a alegria de contar um pouco sobre esse processo que foi transformador!


Fizemos uma grande reforma e transformamos a cozinha no coração da casa, criamos um espaço externo aconchegante, um cantinho zen com um ofurô e promovemos outras mudanças na estrutura antiga com soluções sustentáveis e matéria-prima baiana. Usamos madeiras antigas de queimadas que estavam esquecidas em fazendas da região. A artista plástica Elma Chaves, que é licenciada para trabalhar com essas madeiras, fez com elas os nossos móveis e o ofurô, que foi esculpido numa tora de ipê rosa por 45 dias. Acompanhamos cada passo no seu ateliê em Itaporanga.





Subimos paredes de taípa de barro e pintamos a casa com uma cor que criamos com a terra daqui. A Casa do Mangue (sim, ela tem um nome!) ganhou um portão com um sino que anuncia as visitas, muito bem-vindas, e ficou muito gostosa! Entendemos que esse lugar é tão especial que deve ser compartilhado, criamos uma forma simples de fazer isso. Alugamos a casa quando não usamos e ela tem vida quase o ano inteiro.


A casa é cercada pelo mangue, do nosso deck podemos ver o mar e chegamos na praia em poucos passos por uma passarela de madeira. Abrimos um espaço imaterial para a escuta da natureza, para percebermos os tempos e seus ciclos, as fases da lua e suas mensagens. Começamos a nos acostumar também com o silêncio limpando a confusão mental e o cansaço físico.


Hoje, passo dez dias por mês aqui e duas temporadas maiores de pouco mais de um mês cada. Sinto que os amigos pararam de me perguntar o que eu faço longe de onde tudo acontece. No final, penso que tudo acontece onde estamos inteiros, assim potencializamos os nossos talentos e organizamos a nossa existência de acordo com desejos genuínos. A experiência de construir uma casa assim, com esse propósito, foi uma escola que edificou em nós o valor do essencial e da nossa força interior. E isso é possível quando estamos surfando nesse tal de flow. Seja aqui ou aí!
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