“para me permitir”
quando me perguntam como ando, eu digo
leve
mostro meu brilho do choro que pula de um olho só
é que esse é um tipo de dor muito peculiar, eu digo
não tem explicação, na verdade, eu sou feliz
no ventre sinto uma água parada de dengue, uma bolsa de sangue que não desce
uma gastura de chiclete velho que cola e cala sem saliva
mas, vou indo como meus cabelos ao vento
seca, porém mansa como maré baixa, coisa que independe da lua
e mesmo assim revolta o estômago que bate no céu da boca sem cuspir na areia
é um tipo novo de fenômeno que abate os corpos em constante queda livre, eles quebram de repente e seus cacos navegam à deriva,
eu digo
Fotos: Mariana Caldas
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