Gosto de pensar que beleza é um tema comportamental e talvez por isso, assim como a moda, ela tenha o papel de trazer não só bem-estar, mas autoconhecimento. E autoconhecimento – saindo da literatura de autoajuda e indo direto para a prática no dia a dia, quando queremos saber sobre os nossos propósitos, nossos limites e talentos, ou quando tentamos ser a nossa melhor versão – é pauta de primeira página na urgência em que o planeta está.

Pensar em mudar o mundo é inviável se não olharmos para dentro. Acredito na identificação com a natureza ao redor como uma consequência da noção de que também somos natureza. Parece simples e óbvio, mas não é. Parte de nós ainda está intimamente ligada a dinâmicas tecnológicas antigas e ao legado da Revolução Industrial que, no fundo, transformou a máquina no modelo de perfeição que o homem idolatrou até tentar se parecer com ela. Todo esse processo é bem invisível e sutil.
Quando comecei a escrever este post sobre os shampoos e condicionadores sólidos da B.O.B, eu não imaginei a densidade que tomaria conta daqui… mas foi impossível não lembrar das palavras do escritor e ativista socioambiental Ailton Krenak num dos livros mais elucidativos sobre o nosso estado de alienação num mundo com tantas questões estruturais, o Ideias para adiar o fim o mundo: “Nosso tempo é especialista em criar ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida…. Quando, por vezes, me falam em imaginar outro mundo possível, é no sentido de reordenamento das relações e dos espaços, de novos entendimentos sobre como podemos nos relacionar com aquilo que se admite ser a natureza, como se a gente não fosse natureza.”
Ailton acaba de lançar mais uma publicação com o título sugestivo A vida não é útil (na minha lista de próximas leituras) em que fala, inclusive, sobre consumo desenfreado. São inúmeras as produções intelectuais que chamam para a reconexão homem-natureza. Estão aí a Ecopsicologia, a Educação Ambiental Humanitária e a Ecologia Profunda. Esta última, por exemplo, é uma filosofia criada nos anos 70 pelo norueguês Arne Næss e que hoje tem sido democratizada nas redes sociais em perfis comprometidos com a preservação e a regeneração do meio ambiente. Se você ainda não topou com esse tipo de conteúdo, por aqui deixo algumas fontes interessantes para começar (@ecopsicologiabrasil / @karina.miotto / @livmundi / @selvagem_ciclodeestudos / @reconectar_uece).
Como na música do Caetano, “alguma coisa está fora da ordem”… e é mundial. Com o autoconhecimento e a consciência no curso sistêmico da vida temos mais chance de perceber e mudar. Analisando nosso comportamento de consumo, nossas necessidades, o que faz ou não sentido…. é uma jornada. E por ser processo, caminho, fui longe na divagação para falar de cuidados com os cabelos! Sim, porque é nos pequenos detalhes da vida diária que a gente transforma uma realidade.
Queria contar que não ligava para o que estava usando no banho, contanto que tivesse um cheiro gostoso. Há seis anos, comecei minha transição pelos cosméticos mais naturais e menos tóxicos. Saber a procedência dos produtos e a qualidade dos ingredientes envolvia também informações sobre o impacto ambiental e social. Aqui entra a imensa saudade das feiras de rua ou de beleza natural como a Slow Market (que agora é uma plataforma digital, no ar há poucos dias), onde eu podia conversar direto com o produtor para saber as histórias por trás de cada marca e seus modos de produção.
Até pouco tempo, os shampoos e os condicionadores eram a minha maior questão (e decepção). Lavei com bicarbonato de sódio e finalizava com vinagre, depois passei a experimentar os sólidos, mas não me adaptei. Voltei para os líquidos e mesclava as fórmulas mais saudáveis com outras químicas convencionais. Ambas opções embaladas em plástico, majoritariamente. Alguns são comercializados no que chamamos de “plástico verde”, feito de cana de açúcar, e os comuns são recicláveis. O lance do plástico é o quanto de energia e CO2 são precisos para a sua produção e aqui no Brasil (quarto maior produtor de lixo plástico do mundo), menos da metade do lixo potencialmente reciclável tem destino incorreto acabando no meio ambiente e no oceano. Essas e outras informações você pode ler na matéria Por que o Brasil ainda recicla tão pouco (e produz tanto lixo)?, publicada pela Revista Galileu.
Conheci a B.O.B (bars over bottles – barras no lugar de garrafas) antes mesmo do seu lançamento, mas só experimentei seus produtos recentemente, depois de tudo o que relatei ali em cima. Eles fazem shampoos e condicionadores sólidos que não precisam de embalagem plástica justamente porque suas composições não têm água. São naturais, veganos e cruelty-free. A marca tem DNA ativista e usa suas redes para educar. Aqui está o maior apelo da B.O.B que também equilibra processos artesanais com tecnologia para dar potencial competitivo aos seus produtos num mercado hoje cheio de opções.

Na ponta do lápis, suas barrinhas são mais econômicas e se bem conservadas podem durar até 90 lavagens, o condicionador, enquanto o shampoo vai até 60. Toda a narrativa da marca faz sentido e na prática, senti a oleosidade da minha raiz finalmente controlada. Gosto do brilho, da leveza do cabelo limpo sem sulfatos e parabenos e hidratado com óleos vegetais e manteigas naturais. Gosto do ritual com os sólidos, do perfume natural no banheiro e no cabelo, do compromisso da marca em entregar performance sem o uso de plástico.
Como disse: existem outras opções no mercado. Testei todas? Não. Gravei alguns vídeos que estão circulando pelo perfil da marca nos quais falo sobre o que me encanta na B.O.B e por isso recebi várias mensagens. “Mas, Lila, é bom mesmo?” E eu tenho a maior alegria em responder: se não fosse bom eu não indicaria. Conheci todos os produtos: 3 shampoos e 2 condicionadores. Uso conforme o humor do meu cabelo misto no dia e estou me sentindo bem com eles melhorando a minha beleza e o meu comportamento.
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